Você já imaginou caminhar por uma praia onde o único som que ouve é o da onda quebrando na areia dourada, o vento balançando as palmeiras e o canto distante de um pássaro? Sem multidões, sem buzina, sem filas intermináveis no restaurante da beira-mar. Parece um sonho? Pois saiba que esse cenário existe — e está bem aqui no Brasil, escondido em cantos que muitos ainda nem ouviram falar.
Enquanto destinos como Fernando de Noronha, Ilha Bela e Porto de Galinhas dominam as listas de viagens dos brasileiros, há um universo paralelo de praias quase intocadas, com águas cristalinas, paisagens de tirar o fôlego e uma atmosfera de tranquilidade que parece ter parado no tempo. E o melhor: muitas delas são acessíveis, baratas e ainda preservam a cultura local, sem o peso do turismo em massa.
Neste artigo, vamos explorar sete destinos de praia pouco conhecidos no Brasil que vão te surpreender — não só pela beleza natural, mas também pela autenticidade, pela hospitalidade e pela sensação de descoberta. Seja você um viajante solitário em busca de paz, um casal querendo um refúgio romântico ou uma família em busca de aventura sem aglomeração, tem um lugar aqui que vai combinar com você.
Vamos embarcar nessa jornada? Prepare o protetor solar, a mochila e a curiosidade. O Brasil tem muito mais a mostrar do que você imagina.
1. Praia do Espelho (Porto Seguro – BA): O paraíso escondido do sul da Bahia
Quando se fala em Bahia, logo pensamos em Salvador, Trancoso ou Caraíva. Mas a Praia do Espelho, localizada no extremo sul do estado, é um segredo bem guardado que merece destaque. Localizada a cerca de 60 km de Porto Seguro, essa praia é cercada por falésias verdes, coqueirais densos e piscinas naturais formadas pelo recife de corais.
O nome “do Espelho” vem da calmaria das águas em certas marés — tão tranquilas que refletem o céu como um verdadeiro espelho. É um cenário digno de cartão-postal, mas com um toque de exclusividade. Durante a baixa temporada, é fácil encontrar trechos inteiros de praia praticamente desabitados.
O que torna esse destino ainda mais encantador é a simplicidade. Não há grandes hotéis ou shoppings, mas sim pousadas familiares, restaurantes de comida regional (com destaque para o moqueca de peixe e a tapioca recheada) e guias locais que oferecem passeios de caiaque ou trilhas ecológicas.
Dica prática: Visite entre os meses de abril e julho, quando o mar está mais calmo e as chuvas são menos frequentes. Leve um chapéu, água e esteja pronto para caminhar um pouco — parte da beleza do lugar está em explorar os recifes e piscinas naturais durante a maré baixa.
Além disso, a Praia do Espelho é um ótimo exemplo de como o turismo sustentável pode prosperar: a comunidade local cuida do ambiente, evita o uso de plásticos e incentiva visitantes a respeitarem a natureza. É uma lição de equilíbrio entre beleza e preservação.
2. Ilha do Cardoso (SP): O tesouro selvagem do litoral paulista
Se você pensa que São Paulo é só concreto e trânsito, está na hora de repensar. No extremo sul do litoral paulista, próximo à divisa com o Paraná, está a Ilha do Cardoso, um dos últimos refúgios intocados do Atlântico. Parte do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, esta região é um santuário ecológico protegido, com mata atlântica exuberante, rios de água doce e praias de areia clara banhadas por um mar verde-esmeralda.
O acesso é feito apenas por barco, geralmente saindo de Cananéia, e isso já garante uma certa exclusividade. Não há carros na ilha — o transporte é a pé ou de bicicleta. A sensação de desaceleração é imediata.
Um dos pontos altos é a Praia do Veloso, onde é possível acampar com autorização. À noite, o céu estrelado aparece sem poluição luminosa, e o som das ondas é a trilha sonora perfeita. Outra parada obrigatória é a Lagoa Azul, um pequeno lago de águas transparentes cercado por vegetação densa — ideal para um mergulho refrescante após uma longa caminhada.
Por que vale a pena? Porque aqui você entra em contato com a natureza pura. É possível avistar botos-cinza, macacos-prego e até pumas (de longe, claro!). O turismo é controlado, com limites de visitantes e exigência de guias credenciados, o que preserva o ecossistema.
Dica prática: Leve roupas leves, repelente, calçado adequado para trilha e uma lanterna. Não espere luxo: o charme está na simplicidade e na conexão com o meio ambiente.
3. Praia do Cedro (Aquiraz – CE): A praia escondida do Ceará
O Ceará é famoso por Jericoacoara e Canoa Quebrada, mas poucos conhecem a Praia do Cedro, localizada a cerca de 40 km de Fortaleza, no município de Aquiraz. Esse destino é um exemplo perfeito de como um lugar pode ser lindo, acessível e ainda assim subestimado.
Com dunas baixas, coqueiros inclinados e um mar calmo e morno, a Praia do Cedro é ideal para famílias com crianças ou quem busca um dia tranquilo longe da agitação. O acesso é fácil — uma estrada de chão bem conservada leva diretamente à beira da praia — e há poucas estruturas comerciais, apenas quiosques simples com petiscos e bebidas geladas.
O diferencial? A tranquilidade. Enquanto outras praias do estado ficam lotadas aos finais de semana, aqui é comum encontrar apenas moradores locais e alguns turistas de carro. É um lugar onde você pode ler um livro na sombra de uma palmeira, tomar um banho de mar sem pressa e ainda ver o pôr do sol sem multidões.
Vale destacar: Próximo à praia está o Complexo do Cocó, uma das maiores áreas de manguezal preservado do Nordeste. Se você gosta de ecoturismo, vale a pena fazer um passeio de barco para conhecer o habitat dos caranguejos-uçá e aves migratórias.
Dica prática: Visite durante a semana para garantir ainda mais sossego. Leve um piquenique, toalha e aproveite para desconectar. E se quiser estender a estadia, há pousadas simples e charmosas nas redondezas.
4. Praia do Farol (Ilha de Santana – AP): O segredo do Norte do Brasil
No extremo norte do Brasil, onde o Rio Amazonas deságua no Oceano Atlântico, está um dos destinos mais exóticos e pouco explorados do país: a Ilha de Santana, no Amapá. E dentro dela, a Praia do Farol — um pedaço de paraíso banhado por um mar de tons turquesa, com areia clara e um farol histórico que parece saído de um conto de fadas.
O acesso é uma aventura à parte: você precisa voar até Macapá, depois pegar um barco por cerca de duas horas. Mas o esforço compensa. A ilha tem apenas cerca de 5 mil habitantes, e o turismo ainda é incipiente — o que significa natureza preservada e cultura autêntica.
A Praia do Farol é cercada por manguezais, rios e floresta densa. É comum ver tartarugas marinhas desovando à noite (com acompanhamento de biólogos) e aves raras voando sobre a copa das árvores. Durante o dia, o mar é perfeito para nadar, e à tarde, o pôr do sol reflete no espelho d’água do mangue, criando uma cena surreal.
Curiosidade: A ilha é um ponto estratégico para o estudo do equilíbrio entre homem e natureza. Projetos de conservação envolvem a comunidade local, que vive da pesca artesanal e do extrativismo sustentável.
Dica prática: Visite entre os meses de agosto e novembro, quando o tempo é mais seco. Leve roupas respiráveis, repelente forte e respeite as regras de preservação. Aqui, cada gesto conta.
5. Praia de Mariscal (Florianópolis – SC): O lado selvagem da Ilha da Magia
Todo mundo conhece Jurerê, Canasvieiras e Ingleses. Mas poucos exploram a Praia de Mariscal, no norte da Ilha de Santa Catarina. Escondida entre morros e mata atlântica, essa praia é um refúgio para quem busca ondas fortes, natureza exuberante e um clima de vila de pescadores.
Mariscal é famosa entre os surfistas por suas ondas consistentes, mas também é perfeita para caminhadas, mergulho livre e observação de golfinhos, que frequentam a região em grupos. O acesso é por uma estrada estreita, e a praia é cercada por casas simples e poucos comércios — o que mantém o charme rústico.
Um dos grandes atrativos é o Morro do Cristo, de onde se tem uma vista panorâmica de quase toda a costa norte da ilha. Subir até o topo é uma trilha leve, de cerca de 20 minutos, e vale cada passo.
O que surpreende? A comunidade local. Em vez de se render ao turismo de massa, os moradores de Mariscal mantêm viva a cultura caiçara, com festas tradicionais, artesanato e culinária baseada em frutos do mar frescos.
Dica prática: Visite no inverno (junho a agosto) se você gosta de surfe, ou na primavera (setembro a novembro) para um clima mais ameno. Evite feriados prolongados, quando o movimento aumenta um pouco.
E se você quer se hospedar com conforto e proximidade da natureza, há pousadas e casas de temporada com vista para o mar, muitas delas geridas por famílias da região.
6. Praia do Saco (Aracaju – SE): O oásis sergipano
A 28 km de Aracaju, no município de Barra dos Coqueiros, está a Praia do Saco, um dos segredos mais bem guardados do Nordeste. Com águas calmas, areia clara e coqueiros tombados, esse destino é ideal para quem quer relaxar em um cenário cinematográfico — sem pagar preço de destino internacional.
O nome “Saco” vem da forma da praia, que se curva como um saco, protegida por um recife natural. Isso faz com que o mar seja quase sempre tranquilo, perfeito para crianças e idosos. Há ainda piscinas naturais formadas pela maré baixa, ideais para mergulho com máscara.
A estrutura é simples, mas funcional: quiosques familiares servem moqueca, casquinha de siri e sucos naturais. E o melhor: os preços são acessíveis. Um almoço completo custa, em média, R$ 40 por pessoa.
Dado interessante: A Praia do Saco faz parte do Parque Natural Municipal do Saco, criado para proteger o manguezal e a biodiversidade local. Projetos de educação ambiental envolvem escolas e turistas, mostrando como o turismo pode ser aliado da conservação.
Dica prática: Combine sua visita com um passeio ao Parque da Serra de Itabaiana, a cerca de 1 hora de carro. É uma ótima forma de equilibrar praia e ecoturismo.
7. Praia do Gunga (Maceió – AL): A joia escondida entre coqueirais e lagoas
A 30 km de Maceió, a Praia do Gunga é um dos lugares mais bonitos do Nordeste — e ainda assim, muitos turistas passam por ela sem parar. Localizada dentro de uma antiga fazenda de coco, a praia é cercada por dunas, coqueirais e duas lagoas de águas doces: a Lagoa do Roteiro e a Lagoa da Anta.
O acesso é feito por uma estrada de terra dentro da fazenda, e o ingresso tem um pequeno custo (cerca de R$ 20), que ajuda a manter a conservação do local. Ao chegar, você é recebido por uma paisagem de tirar o fôlego: areia dourada, mar verde e coqueiros que parecem saídos de um comercial de refrigerante.
A praia é dividida em trechos: o lado direito é mais movimentado, com barracas e esportes náuticos; o lado esquerdo é mais isolado, ideal para quem busca paz. E a lagoa? Perfeita para um banho refrescante antes ou depois do mar.
Por que é especial? Porque combina beleza natural com sustentabilidade. A fazenda é gerida por uma cooperativa local, e parte da renda é reinvestida em projetos sociais e ambientais.
Dica prática: Visite cedo para aproveitar a praia vazia. Leve protetor solar, toalha e um chapéu. E não saia sem provar o peixe frito com farofa de dendê no quiosque principal.
Por que explorar destinos pouco conhecidos é tão transformador?
Depois de conhecer esses sete paraísos escondidos, você talvez esteja se perguntando: por que ir a lugares assim, em vez dos tradicionais?
A resposta vai além da beleza. Explorar destinos pouco conhecidos é uma forma de viajar com propósito. É sobre respeitar a cultura local, apoiar economias regionais, reduzir o impacto ambiental e, acima de tudo, redescobrir o prazer de viajar devagar.
Quando você vai a um lugar cheio de gente, o foco tende a ser o consumo: onde comer, onde comprar, onde tirar foto. Já em destinos como os que vimos, o foco muda. Você começa a prestar atenção nos detalhes: o som das ondas, o sorriso do pescador, o sabor de um fruto do mar fresco.
Além disso, esses lugares ensinam uma lição importante: o Brasil é muito maior do que imaginamos. Temos mais de 7.000 km de costa, e cada região tem sua identidade, sua história, seu ritmo. Conhecer esses cantos é uma forma de se reconectar com o próprio país.
Como resultado, você volta de viagem não só com fotos, mas com memórias autênticas, histórias para contar e, muitas vezes, vontade de voltar.
Conclusão: O Brasil ainda tem muito a revelar
Neste artigo, mostramos sete praias pouco conhecidas no Brasil que provam que o país é um tesouro natural escondido à vista de todos. Da Bahia ao Amapá, do Ceará a Santa Catarina, cada um desses destinos oferece algo único: beleza, tranquilidade, cultura e uma conexão genuína com a natureza.
Mas o mais importante não é só onde ir — é como viajar. Escolher lugares menos turísticos é uma decisão consciente: você ajuda a distribuir a renda turística, evita a superlotação e contribui para a preservação de ecossistemas frágeis.
Portanto, da próxima vez que planejar suas férias, pense além dos roteiros tradicionais. Pesquise, converse com moradores, explore mapas e se permita se perder em um caminho de terra que pode levar a um paraíso.
O Brasil é imenso, diverso e cheio de surpresas. E muitas delas estão escondidas em praias onde o mar ainda sussurra histórias antigas, e o tempo parece andar mais devagar.
E aí, qual desses destinos você vai colocar na sua lista de viagens? Conta pra gente nos comentários! E se gostou do artigo, compartilhe com alguém que merece descobrir esses segredos escondidos do nosso litoral. O próximo paraíso pode estar mais perto do que você imagina. 🌴🌊
Flávia Ferreira é uma entusiasta apaixonada por praias, viagens e experiências gastronômicas que despertam memórias únicas. Movida pelo desejo de conquistar a liberdade financeira e pelo constante desenvolvimento pessoal, ela acredita que explorar o mundo e investir em si mesma são caminhos para uma vida mais plena, equilibrada e cheia de propósito.
