Introdução: Mais do que areia e sol — descubra o verdadeiro coração dos destinos
Você já passou dias em uma cidade litorânea deslumbrante, com o mar azul ao fundo, mas sentiu que faltava algo? Que, mesmo com o pé na areia e o coqueiro ao lado, o passeio não tocou fundo? Pois saiba: você não está sozinho. Muitos viajantes hoje em dia estão deixando de lado o turismo tradicional — aquele focado apenas em pontos turísticos famosos ou em relaxar na praia — e estão buscando algo mais profundo: o turismo de experiência.
Esse novo jeito de viajar vai além da selfie no cartão-postal. Ele é sobre viver o destino como quem o habita, descobrir histórias locais, provar sabores autênticos, aprender ofícios tradicionais e se conectar com culturas de forma real. Em vez de apenas ver um lugar, você o sente. E é exatamente isso que este artigo vai te mostrar: o que fazer além da praia em cada destino, para transformar sua viagem em uma jornada inesquecível.
Nas próximas seções, vamos explorar desde roteiros culturais em cidades históricas até vivências rurais, gastronomia local, ecoturismo e atividades comunitárias. Com exemplos reais, dicas práticas e sugestões para diferentes perfis de viajante, você vai descobrir como enriquecer qualquer viagem, independentemente do destino. Afinal, o mundo não é só mar — é cultura, natureza, gente e histórias esperando para serem vividas.
Vamos embarcar nessa jornada?
1. Turismo de Experiência: O que é e por que está mudando a forma de viajar
Você já parou para pensar por que tantas pessoas estão trocando resorts fechados por hospedagens em casas de família? Ou por que jovens estão buscando aulas de culinária em vez de apenas jantar em restaurantes famosos? A resposta está no turismo de experiência — uma tendência que vem crescendo exponencialmente nos últimos anos.
Segundo dados da World Tourism Organization (UNWTO), mais de 70% dos viajantes globais priorizam “experiências autênticas” ao planejar suas viagens. Isso significa que não basta mais apenas visitar um lugar: é preciso viver ele. O turismo de experiência valoriza o contato humano, o aprendizado e o impacto positivo no local visitado.
Imagine isso: em vez de tomar um passeio de catamarã com centenas de pessoas, você participa de uma saída com um pescador local, aprende a lançar redes, escuta histórias da comunidade e ainda leva para casa o peixe fresco que ajudou a pescar. Essa vivência é muito mais marcante do que qualquer foto tirada de um barco turístico.
Além disso, esse tipo de turismo costuma ser mais sustentável. Ele beneficia diretamente os moradores locais, fortalece economias regionais e promove o respeito à cultura e ao meio ambiente. É viajar com propósito.
Mas como transformar sua viagem em uma experiência autêntica? A chave está em sair da zona de conforto. Em vez de seguir roteiros prontos, busque atividades que envolvam participação ativa: cozinhar com uma família, aprender um instrumento tradicional, caminhar com um guia comunitário ou até dormir em uma fazenda centenária.
Portanto, antes de sua próxima viagem, pergunte-se: quero apenas ver o lugar… ou quero sentir ele? A resposta vai definir o tipo de memória que você levará.
2. Cultura local: mergulhe na alma de cada destino

Quando pensamos em “conhecer” um lugar, muitas vezes nos limitamos a visitar museus, igrejas e monumentos. Mas a verdadeira cultura de um destino está nas ruas, nas casas, nas rodas de conversa e nos rituais do dia a dia.
Para vivenciar isso, nada melhor do que participar de atividades comunitárias. Em Ouro Preto (MG), por exemplo, você pode se juntar a um grupo de música colonial e aprender a tocar instrumentos do século XVIII. Em Paraty, é possível participar de oficinas de literatura com escritores locais ou acompanhar o processo de fabricação do cachaça artesanal.
Dica prática: procure por “roteiros comunitários” ou “turismo vivencial” no destino que você vai visitar. Muitas cidades brasileiras — como Bonito (MS), Chapada dos Veadeiros (GO) e Alter do Chão (PA) — já oferecem programas guiados por moradores, com foco em sustentabilidade e troca cultural.
Outra forma poderosa de se conectar com a cultura local é através da gastronomia. Em vez de jantar em restaurantes com cardápio internacional, experimente uma janta em casa de família. Em comunidades quilombolas do Recôncavo Baiano, por exemplo, é possível ser convidado para uma refeição com feijão tropeiro, farofa de dendê e doce de mamão — tudo feito na hora, com ingredientes da roça.
Por que isso importa? Porque, ao comer com os locais, você não só prova sabores autênticos, mas também ouve histórias, entende tradições e constrói vínculos humanos. E essas memórias duram muito mais do que qualquer prato.
Além disso, apoiar a culinária local ajuda a preservar receitas ancestrais que correm o risco de desaparecer. É turismo com impacto positivo — e sabor.
3. Natureza além do visual: vivencie a biodiversidade com consciência
Claro, o Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo. Mas muitas vezes, ao visitar áreas naturais, nos limitamos a tirar fotos e seguir adiante. O turismo de experiência nos convida a ir além: observar, aprender e respeitar.
Na Chapada Diamantina (BA), por exemplo, existem trilhas que levam a cachoeiras espetaculares. Mas o que poucos fazem é participar de um passeio com guia especializado em flora e fauna. Com ele, você aprende a identificar aves raras, entende o papel das bromélias no ecossistema e descobre plantas medicinais usadas pelos povos da região.
Dica prática: antes de entrar em qualquer parque ou reserva, procure por programas de turismo interpretativo. Eles são guiados por especialistas e transformam uma simples caminhada em uma aula ao ar livre.
No Pantanal (MT/MS), outra opção é participar de um projeto de conservação de onças-pintadas. Algumas fazendas oferecem visitas monitoradas onde você pode acompanhar pesquisadores, ver armadilhas fotográficas e entender os desafios da preservação desses animais.
E no litoral? Mesmo em destinos de praia, há muito além do mar. Em Florianópolis (SC), é possível fazer trilhas ecológicas com pescadores artesanais, que mostram como o manguezal sustenta a vida da região. Já em Maragogi (AL), existem passeios de barco que incluem limpeza de recifes — sim, você pode ajudar a remover lixo enquanto aprende sobre os corais.
O resultado? Uma conexão mais profunda com a natureza — e um compromisso maior com sua proteção.
4. Gastronomia como experiência: cozinhe, prove e se encante
Se existe um idioma universal, é a comida. E nada conecta mais rápido com uma cultura do que sentar à mesa e provar o que os locais comem no dia a dia.
O turismo gastronômico vai além de degustar pratos típicos. Ele envolve participar do processo, desde a colheita até o cozimento. Em São Luís (MA), por exemplo, você pode fazer uma oficina de baião de dois com donas de casa locais, aprendendo a cozinhar com panelas de barro e temperos da terra.
Já em Bento Gonçalves (RS), no coração do Vale dos Vinhedos, é possível colher uvas, pisar no lagar e produzir seu próprio vinho. No final, você leva não só uma garrafa com seu nome, mas a sensação de ter feito parte de um processo milenar.
Dica prática: pesquise por “aulas de culinária local” ou “experiências gastronômicas” no destino. Plataformas como Airbnb Experiences e GetYourGuide oferecem opções em várias cidades brasileiras.
Outra ideia? Visite feiras livres e mercados regionais. Em Belém (PA), o Mercado Ver-o-Peso é um verdadeiro museu sensorial: cheiros de açaí, jambu, tucupi e peixes exóticos invadem os sentidos. Lá, você pode conversar com produtores, provar tucupi cru (com cuidado!) e até levar ingredientes para preparar em casa.
E por que isso é turismo de experiência? Porque, ao cozinhar com um local, você não só aprende uma receita — você entende valores, tradições e histórias familiares. É uma janela para a alma de um povo.
5. Artesanato e ofícios tradicionais: leve uma peça da cultura com você

Você já comprou um souvenir em uma lojinha de aeroporto e, chegando em casa, percebeu que era igual ao de todo mundo? O turismo de experiência oferece uma alternativa muito mais rica: criar sua própria lembrança.
Em comunidades indígenas do Xingu, no Mato Grosso, é possível participar de oficinas de cestaria ou pintura corporal. Em Minas Gerais, artesãos de Sabará ensinam técnicas de bordado colonial. Em Pernambuco, no Cabo de Santo Agostinho, você pode aprender a fazer cerâmica com Mestre Vitalino — ou com seus descendentes.
O que torna isso especial? Não é apenas o objeto final, mas o processo. Ao moldar uma peça de barro, tecer uma renda ou pintar um desenho tradicional, você entra no universo simbólico de um povo. E cada detalhe tem significado: cores, padrões, materiais.
Além disso, ao comprar diretamente do artesão ou participar da oficina, você garante que o valor vai para quem realmente produz — e não para intermediários.
Dica prática: busque por “oficinas de artesanato” ou “roteiros culturais com artesãos” no destino. Muitas vezes, essas experiências são organizadas por cooperativas locais ou associações comunitárias.
E se você não puder participar de uma oficina, visite ateliês ou feiras de artesanato autêntico. Em São Paulo, o Mercado de Arte do MASP reúne produtores de todo o Brasil. No Rio, o Arquivo Central valoriza o design com raízes brasileiras.
Lembre-se: um souvenir feito à mão não é apenas um objeto — é uma história que você pode contar.
6. Ecoturismo e turismo rural: reconecte-se com a simplicidade
Se você está cansado do ritmo acelerado da cidade, o turismo rural pode ser a cura. Em fazendas, sítios e comunidades do interior, é possível viver um ritmo mais lento, mais humano.
No interior de São Paulo, por exemplo, existem fazendas históricas que funcionam como pousadas. Você pode acordar com o som dos galos, tomar café com pão quente e manteiga feita na hora, ordenhar vacas, colher frutas e até participar de um rolê de boiadeiro — sim, montar a cavalo como os tropeiros do passado.
Já em Santa Catarina, no Vale Europeu, muitas propriedades oferecem experiências de colheita de maçã, produção de queijo artesanal e jantares comunitários. Tudo regado a vinho local e muita conversa.
Por que isso faz bem? Porque nos reconecta com ciclos naturais. Ver uma fruta amadurecer na árvore, entender o trabalho por trás de um pote de mel ou ouvir histórias de quem vive da terra nos lembra do valor das coisas simples.
Além disso, o turismo rural é uma forma de economia solidária. Ao consumir produtos locais e pagar por experiências diretamente com os produtores, você ajuda a manter famílias no campo e evita o êxodo rural.
Dica prática: pesquise por “rota do turismo rural” no estado que você vai visitar. Muitos governos regionais mapeiam essas experiências e oferecem roteiros completos.
E se você tem pouco tempo, mesmo um passeio de meio dia em uma horta orgânica pode fazer toda a diferença. Em destinos urbanos como Brasília ou Curitiba, existem projetos de agroecologia que recebem visitantes para colheita e almoço no local.
7. Turismo com propósito: viaje para transformar
O turismo de experiência não precisa ser apenas sobre o que você recebe — pode ser também sobre o que você deixa para trás.
É crescente o número de viajantes que buscam viagens voluntárias ou projetos de impacto social. Em Salvador (BA), por exemplo, é possível participar de oficinas de percussão com crianças de comunidades carentes. Em Manaus (AM), existem programas de monitoramento de tartarugas no Rio Negro, onde você ajuda a proteger os ovos e acompanha o nascimento dos filhotes.
Isso é turismo com propósito. E, quando bem feito, gera benefícios reais para as comunidades.
Mas atenção: é essencial escolher projetos com ética. Evite iniciativas que explorem crianças ou que pareçam “show” para turistas. Prefira organizações com transparência, parcerias locais e foco em desenvolvimento sustentável.
Dica prática: busque por ONGs ou cooperativas reconhecidas. Organizações como Instituto Ekos e Turismo Comunitário Brasil oferecem experiências com selo de responsabilidade social.
Além disso, mesmo sem participar de um projeto formal, você pode viajar com propósito. Compre de pequenos empreendedores, evite plásticos descartáveis, respeite costumes locais e converse com os moradores. Pequenas atitudes geram grandes impactos.
8. Destinos surpresa: onde o inesperado acontece
Agora, vamos para um lugar que talvez você nunca tenha imaginado: Serra da Canastra (MG). Conhecida pelo queijo artesanal, essa região esconde trilhas espetaculares, cachoeiras escondidas e uma cultura campeira forte.
Lá, você pode acampar com vaqueiros, acompanhar o ordenha noturno e participar da produção do queijo Canastra — um dos melhores do Brasil. Tudo em meio a paisagens de cerrado e montanhas.
Outro exemplo? São Raimundo Nonato (PI), na Serra da Capivara. Além de ser Patrimônio Mundial da UNESCO por seus sítios arqueológicos, o destino oferece vivências com povos tradicionais, trilhas com guias indígenas e noites sob um céu estrelado sem poluição luminosa.
E que tal Bonfim (RR), na fronteira com a Guiana? Lá, você pode participar de rituais indígenas (com respeito e autorização), navegar em rios selvagens e ver a aurora boreal tropical — um fenômeno raro causado pela interação da atmosfera com a floresta.
Esses destinos provam que o Brasil é muito mais do que praia. Eles mostram que, muitas vezes, as experiências mais marcantes estão fora dos roteiros tradicionais.
Conclusão: sua viagem pode ser muito mais que um passeio
Chegamos ao fim deste artigo, mas esperamos que seja só o começo da sua jornada pelo turismo de experiência. Viagens não precisam ser apenas sobre descansar ou tirar fotos. Elas podem ser transformadoras, cheias de aprendizado, conexão e propósito.
Você viu que, em qualquer destino — mesmo os mais conhecidos por suas praias — há muito mais para explorar: cultura, natureza, gastronomia, artesanato, comunidades e histórias. Basta sair do óbvio e se abrir para o inesperado.
Agora, a pergunta é: o que você vai fazer diferente na sua próxima viagem? Vai apenas tomar sol… ou vai cozinhar com uma família, caminhar com um guia comunitário, aprender um ofício ou ajudar a proteger a natureza?
O mundo está cheio de experiências esperando por você. E o melhor de tudo: elas não estão nos folhetos turísticos — estão nas ruas, nas casas, nos sorrisos e nas mãos dos que vivem esses lugares.
Deixe um comentário contando qual experiência você mais gostaria de viver em sua próxima viagem. Compartilhe este artigo com quem também ama viajar com alma. E, acima de tudo, viaje com intenção. Porque o verdadeiro luxo não é o hotel cinco estrelas — é a memória que você leva no coração.

Flávia Ferreira é uma entusiasta apaixonada por praias, viagens e experiências gastronômicas que despertam memórias únicas. Movida pelo desejo de conquistar a liberdade financeira e pelo constante desenvolvimento pessoal, ela acredita que explorar o mundo e investir em si mesma são caminhos para uma vida mais plena, equilibrada e cheia de propósito.